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N.º 14  19/05/2005

ARQUITECTURA MILITAR – do conhecimento histórico à sua função actual
Actas da XIV Semana de Estudos do IAC

Arquitectura Militar


Com a chancela editorial do IAC-Instituto Açoriano de Cultura, acabam de ser colocadas à disposição dos sócios e do público em geral as actas da XIV Semana de Estudos que esta instituição realizou em 2002 sobre o tema «Arquitectura Militar – do conhecimento histórico à sua função actual».

A obra, dividida em duas partes – correspondentes aos dois painéis desta Semana de Estudos: conhecimento histórico e função actual –, integra as comunicações apresentadas por Rafael Moreira (O enquadramento geo-estratégico da arquitectura militar no Atlântico Norte no início da Idade Moderna), António José Telo (Uma nova maneira de fazer a guerra e de viver a paz), José Salgado Martins (A fortificação da 2ª Grande Guerra nos Açores), Rui Carita (A Fortaleza de São Brás em Ponta Delgada no século XVI), Joseph B. Ballong-Wen-Mewuda (La stratégie économique et militaire de la Forteresse de São João da Mina dans le commercie portuguais du Golfe de Guinée aux XV.e et XVI.e siècles), Carlos Alberto Carvalho (Panorama do sistema defensivo das ilhas de Cabo Verde, com incidência na ex-cidade da Ribeira Grande), Flávio Lopes (Fortificações militares portuguesas. Questões actuais, para um debate permanente), José Manuel Fernandes (Fortificações históricas em Portugal, sua reabilitação no século XX (fases históricas, conceitos e critérios, exemplos e sua crítica)), Maria Antónia de Castro Athayde Amaral (Novos valores patrimoniais: a experiência do Instituto Português do Património Arquitectónico na salvaguarda do Campo Militar de S. Jorge das Linhas de Torres), José Luis Rodrígues Diego (El Archivo de Simancas: de poder militar a poder de informacíon), Roberto Tonera (Restauração e revitalização das fortalezas de Santa Catarina no Brasil), Ismael Sarmiento Ramirez (Castillos y fortalezas en Cuba: significacíon histórica y funcion actual), Carlos Guilherme Riley (Castelos de areia. A praia das milícias e o sistema defensivo da baía de rosto do cão), entre outras.

Com quase 300 páginas, muitas delas com imagens, esta obra regista ainda os discursos das sessões de abertura e de encerramento, no âmbito das quais o presidente da direcção do IAC, Jorge A. Paulus Bruno, defendeu a criação de uma «Rota dos Fortes da Terceira» (percurso pontuado por todos os locais onde existiram, ou ainda existem, fortes, com a criação das indispensáveis condições de acesso a esses locais, consolidação das suas ruínas (se for o caso), limpeza dos seus interiores, colocação de informação no local, etc.).

Nas suas palavras, a nossa geografia e a nossa história determinaram a necessidade e a conveniência da edificação de dezenas de posições militares de natureza defensiva ao longo das nove ilhas dos Açores. Sucessivamente construído, abandonado, reconstruído, readaptado e até reutilizado para outras funções, este estimável património chega até nós – salvo pontuais excepções – profundamente degradado, senão, em alguns casos, já desaparecido ou pelo menos num estado de acelerada decadência ou ruína. Embora tomando plena consciência desta riqueza patrimonial, a sociedade açoriana não tem sido capaz de criar a dinâmica necessária para o aparecimento de um projecto integrado que vise a preservação, valorização e requalificação dos elementos materiais de arquitectura militar ainda existentes nos Açores. Não deve haver dúvidas quanto ao facto de estarmos perante um património que já não é útil no quadro da função para a qual foi construído. Perante esta evidência, pensamos que o único modo de prevenir o desaparecimento total, mais cedo ou mais tarde, destas construções é a sua reutilização, ou seja, chamá-las a desempenharem hoje outra função para a qual tenham ainda potencial, seja como equipamentos culturais, como equipamentos ou recursos turísticos, ou outras. Em qualquer dos casos, não deveremos, porém, aceitar que as reutilizações comprometam definitivamente a natureza militar subjacente a estas construções, ou seja, que apaguem até ao limite a sua memória sobrepondo, em excesso, as exigências funcionais de outras utilizações ao ponto de fazerem desaparecer a identidade original do imóvel. Acima de tudo, tem faltado o reconhecimento de que este património pode constituir um apreciável recurso turístico se assim vier a ser explorado. Tem carecido aqui uma visão ampla e qualificadora a deste património.

Esta obra encontra-se à venda na Livraria Virtual