Somos uma instituição com seis décadas de existência cuja relevância na sociedade e cultura açorianas tem sido unanimemente reconhecida ao longo do tempo. Uma instituição de natureza associativa de utilidade pública e sem fins lucrativos que, depois das “Semanas de Estudos”, da publicação de vários volumes do Inventário do Património Imóvel dos Açores e da primeira História dos Açores, continua a editar uma revista de referência, como a “Atlântida”, bem como um conjunto de obras de teor científico, histórico e literário que têm espelhado e espalhado os Açores pelos vários cantos do mundo, além de levar a cabo um extenso rol de atividades de índole cultural.
A nossa ação cultural enfrenta desafios cada vez mais complexos, fruto dos problemas e das questões que têm afetado todos os europeus, seja ao nível de uma cada vez maior especialização, mormente tecnológica, seja ao nível do financiamento. Felizmente, desafios cada vez mais complexos solicitam ações mais criativas. Algo em que a União Europeia se tem empenhado, através de políticas com especial enfoque na cultura e na criatividade, que visam uma economia inteligente, sustentável e integradora. E a cultura tem, de facto, permitido não só reforçar economias locais débeis como tem criado empregos sustentáveis, reforçando a atratividade de certas regiões e cidades europeias. Além da Europa, outros continentes e estruturas procuram alcançar os mesmos desígnios.
Assim, tendo por base a importância da cultura como fator de geração de riqueza e desenvolvimento económico, o Instituto Açoriano de Cultura vai continuar a apostar na tríade relacionada com a sua matriz fundacional, por entender que a vitalidade de qualquer região reside precisamente no modo como olha para o passado, como reflete sobre ele e sobre o presente e como, a partir esse diálogo entre passado e presente, se reinventa e (re)cria.
Memória, reflexão e criatividade são, pois, os três grandes eixos de ação do IAC. Pelo que continuará a dar particular atenção aos diferentes tipos de património cultural (material e imaterial, tangível e intangível), através de ações que o inventariem e deem a conhecer, dado serem basilares para a identidade açoriana. Do mesmo modo, pautará a sua ação pela reflexão sobre temas e questões indissociáveis do agora e envidará esforços no sentido de dar a conhecer aquilo que de mais relevante vai acontecendo nos mais diversos domínios artísticos, da literatura às artes plásticas, das artes de palco às de rua, da música ao design e outros.
Daremos também especial atenção à comunicação, usando as ferramentas da atualidade e procurando envolver nesse desiderato as novas gerações. Tanto mais que, recusando qualquer confinamento físico, geográfico, ideológico ou temático, intensificaremos a aposta no digital e procuraremos realizar ações em todas as ilhas, bem como fora delas, em diálogo com os lugares e com quem os habita.
Continuaremos, pois, abertos ao mundo e ao que nos rodeia, procurando dar o nosso contributo para uma região mais aberta, plural e criativa.
Angra do Heroísmo, 1 de março de 2017
Carlos Bessa / Presidente do Instituto Açoriano de Cultura
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